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Se você fuma ou conhece quem fuma, ignore esse artigo e adie uma mudança necessária

População brasileira tem 12% de fumantes


Vamos falar hoje sobre uma doença crônica muito comum no nosso dia a dia: o tabagismo. Se você já me acompanha, sabe que eu sempre trago dados para que você tenha dimensão do problema que estamos falando.

Pois bem, dados mais recentes da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), em 2019, mostram que o percentual total de adultos fumantes é de 12,8%, sendo mais frequente nos homens (16,2%) do que nas mulheres (9,8%).


Você deve estar pensando agora: mas 12,8% é pouco, não? Lembre-se que você está no Brasil, país populoso...estamos falando de 20,4 milhões de pessoas. Muito, né?


Em se falando de faixa etária, mais de 25% dos fumantes têm mais de 40 anos, enquanto 10,8% têm entre 18 e 24 anos. Além disso, cerca de 17% não teve instrução ou fez apenas o ensino fundamental incompleto, ao passo que 7,1% têm ensino superior completo. Esses dados deixam claro parte das desigualdades de nosso país.


A pesquisa investigou ainda o que chamamos de fumante passivo. O que seria? É a condição em que uma pessoa não fumante convive em ambiente fechado com um alguém que fuma e, por isso, fica exposto à fumaça e partículas do cigarro. Segundo o estudo, a porcentagem de adultos que vivem nessa condição dentro da própria casa foi de 9,2%, enquanto que, no local de trabalho, foi de 8,4%.


Quem é fumante passivo também enfrenta um sério problema, pois a inalação das partículas do cigarro o expõe às mesmas consequências.


O tabagismo tem relação com AVC, infarto e outras doenças


Segundo um estudo de 2016, que contou com quase 27 mil participantes de 32 países, aproximadamente 12% dos casos de AVC estão relacionados ao tabagismo.


Outro dado importante veio de uma revisão de 2019, mostrando que as pessoas que fumam tiveram o primeiro AVC 10 anos antes do que os não fumantes. O mesmo estudo mostrou que, aqueles que tiveram AVC e fumavam, estavam sob risco maior de morte e de ter novos eventos vasculares (infarto, doença da circulação das pernas ou um segundo AVC).


Um outro aspecto é que o ato de fumar aumenta o risco de desenvolver outras doenças que também são fatores de risco para AVC e infarto (ou ataque cardíaco).

Nesse sentido, um estudo com quase 6 milhões de participantes mostrou que um fumante tem 37% mais risco de desenvolver diabetes tipo 2, comparado a um não fumante. Além disso, o fumante passivo, que inala as partículas do cigarro através do convívio com o fumante, também tem um risco alto, de 22%.


Por isso, além das doenças pulmonares decorrentes do ataque direto do cigarro, como tosse crônica, enfisema e câncer do pulmão, existem muitas outras, como AVC e infarto, que são as duas principais causas de morte no mundo.


Os benefícios de parar de fumar são muitos


Os benefícios para quem para de fumar já podem ser sentidos nos primeiros dias, tornando-se permanentes à medida em que permanece longe do cigarro.


Alguns deles são:

  1. Sua frequência cardíaca e pressão arterial caem;

  2. Seu olfato e paladar melhoram;

  3. Sua tosse, sobretudo se fuma há mais tempo, desaparece;

  4. Sua função pulmonar aumenta e você respira mais facilmente;

  5. Você fica livre do cheiro e das queimaduras em sua roupa;

  6. Seu desempenho mental e sexual melhora;

  7. Sua família não adoece, por não mais estar exposta à fumaça do cigarro;

  8. Suas relações com outras pessoas no trabalho e em outros ambientes melhoram;

  9. Você tem mais dinheiro para gastar em atividades que considere essenciais/prazerosas;

  10. Você aumenta suas chances de viver mais e reduz o risco de infarto e AVC.

Mesmo reconhecendo os prejuízos que o cigarro pode me trazer, por que é tão difícil abandonar esse hábito?


Pois é, já compartilhei muito da angústia e dor de quem tentou parar de fumar, mas não conseguiu.


O cigarro apresenta mais de sete mil substâncias, das quais pelo menos 69 conhecidamente causam câncer. Destas, a nicotina é que gera a dependência do fumo. Para você ter uma ideia, ela chega ao seu cérebro em apenas 9 segundos após a primeira tragada. Isso mesmo, 9 segundos.


No cérebro, a nicotina atua em uma região responsável pelo seu sistema de recompensa, o núcleo accumbens. Quando esse núcleo é estimulado, uma substância chamada dopamina é liberada, gerando o prazer e gratificação em fumar.


Para se ter uma ideia, apenas o ato de colocar o cigarro na boca, mas não acendê-lo, já pode ser capaz de liberar essa substância e gerar aquela sensação de alívio a quem não fuma há horas ou está muito estressado. Você já deve ter passado por isso, não?


Cigarro: fácil de começar a usar e difícil de deixar


A nicotina é um vilão não só pelo motivo acima. O consumo repetido do cigarro leva a uma condição chamada dependência. Isso significa, de forma bem simples, que o seu corpo se “acostumou” com a nicotina e todas as demais substâncias.


Dessa maneira, para sentir o mesmo efeito de prazer, alívio e gratificação, é necessário, a cada dia que passa, uma quantidade maior dessas substâncias. Por esse motivo, é tão difícil deixar o hábito.


Por isso, nunca julgue alguém que fuma, afirmando que é falta de caráter ou, o que mais ouço, de “vergonha na cara”. Pelo contrário, o tabagismo é uma doença crônica, que gera dependência e, portanto, difícil de ser eliminada.


Mas veja bem, eu falei difícil, não impossível.


Por isso, na próxima semana, vem a parte 2 desse longo, mas necessário artigo: estou convencido(a) que devo parar de fumar, como começar com o pé direito?


Agora vai nos comentários e me responde: você fuma ou convive com alguém que fuma? Já tentou parar de fumar alguma vez? Que dificuldade enfrentou? Responderei com uma dica prática sobre o que você precisa para deixar esse hábito.


Não esqueça de deixar também sua dúvida.



Referências:

  1. Pesquisa nacional de saúde: 2019: percepção do estado de saúde, estilos de vida, doenças crônicas e saúde bucal: Brasil e grandes regiões / IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento. - Rio de Janeiro: IBGE, 2020. 113p

  2. Lancet. 2016;388(10046):761-75. doi: 10.1016/S0140-6736(16)30506-2.

  3. Dela J Public Health. 2015;1(2):4. doi: 10.32481/djph.2015.11.002.

  4. Lancet Diabetes Endocrinol. 2015;3(12):958-67. doi: 10.1016/S2213-8587(15)00316-2.


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2 Comments


Ursula Delucca
Ursula Delucca
Dec 24, 2022

Boa noite, fumo a 40 anos, tenho 56.

Já tentei parar muitas vezes e não consigo.

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drronneypinto
May 04, 2023
Replying to

Olá Ursula. Eu vivencio frequentemente isso com meus pacientes, parar de fumar não é fácil. Porém, existe tratamento eficaz para cessação do tabagismo. Sugiro que leia a continuação desse artigo em https://www.ronneypinto.com.br/post/o-passo-a-passo-para-abandonar-de-vez-o-tabagismo e siga esse passo a passo. Além disso, procure um profissional habilitado para te acompanhar, pois tornará tudo isso menos difícil. Caso queira, entre em contato com minha secretária no link https://www.ronneypinto.com.br/contact-8.

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