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Por que as pessoas estão tendo AVC cada vez mais jovens?

Atualizado: 12 de jul. de 2022


Para o AVC, idade conta


Já quero começar esse artigo com uma pergunta: quantas pessoas ao redor dos 60 ou 70 anos você conhece e que foi vítima de um AVC? Agora, quantas delas tinham menos de 50 anos? Na primeira pergunta, a grande maioria vai responder uma, duas ou até mais pessoas; na segunda pergunta, talvez nenhuma, ou no máximo uma. Isso tem um porquê.


A incidência de AVC aumenta com a idade. Para se ter uma ideia, o número de novos casos dobra a cada década, após os 55 anos. Portanto, os estudos são bem categóricos em afirmar que a idade é o fator de risco não-modificável mais robusto para o AVC.


Ser jovem não quer dizer risco zero


Apesar do que expus acima, em torno de 10 a 20% de todos os casos da doença ocorrem em pessoas jovens, de 18 a 50 anos. Sobretudo em países em desenvolvimento, como o Brasil, esse número é ainda maior. Outro dado importante é que, antes dos 35 anos, a incidência de AVC é maior em mulheres do que em homens, ao passo que, após os 35 anos, essa relação se inverte, havendo maior predomínio em homens.


A resposta está nos fatores de risco


Sabendo então que a idade é um fator relacionado à doença, por que as pessoas estão tendo AVC cada vez mais jovens? A resposta está nos fatores de risco que levam alguém a ter a doença, ou seja, hipertensão, diabetes, colesterol alto, obesidade, sedentarismo, tabagismo, consumo de álcool, dentre outros.


Você então me pergunta: mas o que tem a ver os fatores de risco? Tem tudo a ver. A questão principal é que a prevalência dessas doenças está aumentando na população jovem.



Hipertensão arterial


De todos os fatores de risco, sabemos que a pressão alta é o mais influente para o AVC. Dentre os hábitos que tornam uma pessoa hipertensa, quero destacar o consumo de sódio, que está presente no conhecido sal de cozinha. Já está bem descrito que a ingestão do sódio está associada à doenças cardiovasculares e AVC, mas acho que esqueceram de contar isso aos brasileiros.


A Pesquisa Nacional de Saúde de 2013 mostrou que nós consumimos quase o dobro de sal recomendado pelo Organização Mundial de Saúde. Apenas 2,4% dos brasileiros utilizam menos de 5 gramas de sal por dia, que é a faixa de recomendação. Atente-se a essa medida simples que já pode ser mudada no seu dia a dia.


Obesidade e sedentarismo


A obesidade e o sedentarismo estão bem relacionados entre si e são uma realidade amarga entre os jovens. Uma pesquisa de 2021 indica que 22% da população brasileira adulta apresenta obesidade e 57% tem sobrepeso.


Para definir se você está com sobrepeso ou é obeso, usamos o cálculo do índice de massa corporal (IMC), dividindo-se o valor do peso (em kg) pela altura elevada ao quadrado (m²). Consideramos o indivíduo eutrófico (dentro da normalidade) aquele que apresenta IMC entre 18,5 e 24,9 kg/m². No sobrepeso, esse valor varia de 25 a 29,9 kg/m², enquanto na obesidade é maior ou igual a 30 kg/m². Para calcular seu IMC, clique aqui.


O estilo de vida moderno tem grande parcela de contribuição. Veja se você se adequa a uma das situações: (1) trabalho o dia inteiro e não consigo me alimentar em casa; (2) preciso fazer a refeição em um curto espaço de tempo; (3) procuro a rede de fast food, pois é mais rápido e prático; ou (4) faço apenas três refeições ao dia pelo tempo escasso e acabo aumentado o tamanho das porções “normais”.


Sinto muito dizer que, se você se reconheceu em um dos quatro cenários acima, provavelmente seu comportamento está te levando a um desbalanço energético e ao surgimento da obesidade. Além disso, se você está entre os 40,3% de adultos brasileiros que não atingem o nível mínimo recomendado de exercício físico, esse desequilíbrio falado acima torna-se muito mais importante.


Etilismo e tabagismo


Finalmente, o consumo de álcool e cigarro está relacionado a 10,7% e 17,2% dos casos de AVC na América Latina, respectivamente. Nesse sentido, ainda quero destacar que há uma tendência mundial de aumento no consumo dos cigarros eletrônicos, também chamados de vape.


Nos Estados Unidos, a taxa de jovens entre 18 e 24 anos que fazem consumo diário ou quase diário de vape passou de 2,4% (em 2012) para 7,6% (em 2018). Estudos recentes já mostram que, além de causar doenças nos pulmões e vias aéreas, o uso desses vaporizadores causam uma disfunção aguda na parede dos vasos, podendo desencadear doenças como infarto e AVC.


Vai aqui embaixo, nos comentários, e me responde: qual sua idade? Se você tem menos de 50 anos, já apresenta algum desses fatores de risco?


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Referências:

  1. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 2020;91(4):411-417. doi: 10.1136/jnnp-2019-322424.

  2. Pesquisa nacional de saúde: 2013: acesso e utilização dos serviços de saúde, acidentes e violências: Brasil, grandes regiões e unidades da federação / IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento. Rio de Janeiro: IBGE, 2015. 100p.

  3. Pesquisa nacional de saúde: 2019: percepção do estado de saúde, estilos de vida, doenças crônicas e saúde bucal: Brasil e grandes regiões / IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento. Rio de Janeiro: IBGE, 2020. 113p.

  4. Vigitel Brasil 2021: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2021 / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças não Transmissíveis. Brasília: Ministério da Saúde, 2021. 128p.

  5. Lancet Neurol. 2019;18(7):674-683. doi: 10.1016/S1474-4422(19)30068-7.

  6. Ann Public Health Res. 2021;8(1):1104. Epub 2021 Feb 18. PMID: 34322688; PMCID: PMC8315328.

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