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1 em cada 4 pessoas terá um AVC por doença cardíaca; saiba se é o seu caso

Atualizado: 3 de out. de 2022


Você já apresentou alguma doença cardíaca ao longo da vida? Se respondeu “sim”, saiba que alguns problemas do coração podem ser responsáveis por um AVC no futuro.

Isso mesmo! Apesar de se tratar de órgãos diferentes – cérebro e coração, há uma importante relação entre eles. Cerca de 25% dos casos de AVC isquêmico acontecem por uma doença cardíaca.


Além disso, vou te trazer dois dados ainda mais preocupantes. Primeiro, as pessoas que apresentam um quadro de AVC devido algum problema cardíaco costumam ter uma doença mais grave, com grande risco de sequelas e dependência. Segundo, o risco de ter um novo AVC também é mais alto, seja nos primeiros meses após o primeiro, seja após muitos anos.


O coágulo viaja do coração para o cérebro, causando AVC


Bem, em outros artigos já expliquei que o AVC isquêmico acontece quando um coágulo impede a passagem de sangue para uma região do cérebro.


Em alguns casos, esse coágulo pode ser formado na própria artéria do cérebro. Em outros, ele é gerado no coração e ganha a corrente sanguínea.


O que isso quer dizer? Como a corrente sanguínea percorre todo nosso corpo, qualquer lugar pode ser afetado. Porém, em mais de 80% das vezes, esse lugar é o cérebro. Por isso, 1 em cada 4 pacientes com AVC é causado por doença cardíaca.


A imagem abaixo traz uma representação do que acabei de comentar.

Bem, agora vou falar sobre 4 importantes doenças que podem levar ao AVC:


1. Fibrilação atrial


É a arritmia mais comum em adultos. Um estudo projetou que, em 2025, haverá quase 3 milhões de brasileiros com fibrilação atrial.


A fibrilação é caracterizada por batimentos rápidos e irregulares do coração. Esse descompasso pode fazer com que o sangue se acumule e forme coágulos. Por isso, quem tem essa arritmia corre cinco vezes mais risco de ter um AVC.


É importante citar que é mais comum entre os idosos e atinge principalmente pessoas com pressão alta, diabetes, obesidade, tabagismo e apneia do sono.


2. Insuficiência cardíaca


Acontece quando o coração não é capaz de bombear adequadamente o sangue para nutrir o organismo. É como se ele se tornasse fraco, levando a sintomas como:

  • Falta de ar;

  • Cansaço ao fazer um esforço;

  • Inchaço dos pés e das pernas;

  • Necessidade de dormir com vários travesseiros e/ou de levantar no meio da noite, por falta de ar;

  • Falta de energia.

Quero ressaltar que a pressão alta e infarto do miocárdio (ou ataque cardíaco) são as principais causas de insuficiência cardíaca.


3. Infarto do miocárdio (ou ataque cardíaco)


De maneira fácil, falo sempre aos pacientes que o infarto do miocárdio seria o “AVC do coração”.


Como assim? É simples. No início desse artigo, expliquei que o AVC acontece quando uma artéria cerebral fica entupida, levando à morte de uma determinada região do cérebro.


No infarto do miocárdio, por sua vez, a artéria acometida leva sangue e nutrientes para o coração. Dessa maneira, parte do músculo cardíaco acaba morrendo pelo entupimento do vaso.


4. Uso de prótese valvar


A valva cardíaca é uma estrutura que regula a passagem de sangue dentro do coração. Veja na figura abaixo.

Algumas doenças podem levar à necessidade de fazer uma troca dessa valva cardíaca, por meio de cirurgia. Ela é, então, substituída por uma prótese, o que pode facilitar a formação de coágulos e de um AVC no futuro.


Como saber se o AVC ocorreu por uma doença cardíaca?


Existem exames que podem avaliar a estrutura do coração, além de seu funcionamento. São eles:


1. Ecocardiograma


É um exame de ultrassom capaz de estudar a estrutura do coração. Pode avaliar se está batendo normalmente, se o fluxo de sangue está adequado em suas câmaras, além de identificar defeitos nas paredes e valvas cardíacas.


2. Eletrocardiograma


Através do eletrocardiograma, é possível avaliar a presença de arritmias, como a fibrilação atrial, comentada acima. Além disso, é capaz de indicar sinais de infarto ou mesmo de sobrecarga do coração.


3. Holter


O holter é uma espécie de eletrocardiograma, mas de longa duração. Através de um monitor, é avaliado o número de batimentos do coração e se há alguma arritmia, por um período de 24 horas ou mais.


Como prevenir o AVC causado por uma doença cardíaca?


Quando se descobre que o AVC foi causado por um problema no coração, a dor de cabeça para o médico é grande. Por quê? Justamente pelo que citei no início deste artigo: nesses casos, o risco de um segundo AVC é alto e, por isso, o tratamento preventivo deve ser iniciado prontamente.


O tratamento principal é feito com uso de anticoagulante. Como o próprio nome sugere, ele impede a formação de coágulos e, por consequência, reduz a chance de AVC.


O anticoagulante disponível no SUS, atualmente, é a varfarina (de nome comercial, Marevan®). Apesar de ser antiga, a varfarina é eficaz. Nos casos de fibrilação atrial, por exemplo, ela é capaz de reduzir o risco de AVC em 64%.


Além da varfarina, existem outros quatro medicamentos mais recentes no mercado, com boa segurança e eficácia. São elas: apixabana (Eliquis®), rivaroxabana (Xarelto®), dabigatrana (Pradaxa®) e edoxabana (Lixiana®).


É importante sempre lembrar que a escolha do medicamento deve ser feita por seu médico, de forma individualizada. Além disso, o acompanhamento em consultas regulares é igualmente necessário.


Por fim, o tratamento de outras doenças relacionadas, como pressão alta, diabetes, obesidade e colesterol alto também é fundamental, mesmo porque todas são prejudiciais para o coração e o cérebro.


Finalizado mais um artigo, preciso te passar outro canal de conhecimento sobre AVC, meu Instagram. Clique aqui, comece a me seguir e acompanhe outras postagens importantes sobre o tema. Além disso, não esqueça de deixar sua dúvida aqui embaixo, nos comentários. Até mais!



Referências:

  • Circ Res. 2017;120(3):514-526. doi: 10.1161/CIRCRESAHA.116.308407.

  • Eur J Intern Med. 2019;67:36-41. doi: 10.1016/j.ejim.2019.04.024.

  • Eur J Heart Fail. 2020;22(8):1342-56. doi: 10.1002/ejhf.1858.

  • Arq. Bras. Cardiol. 2016;107(6): 576-89. doi: 10.5935/abc.20160116.

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2 Comments


vrrebustti
Jul 05, 2023

Ótimo, explicou muito bem, meu marido 81 anos teveum pequeno AVC, na região próxima a nuca, foi fraco.Qyais os cuidados agora?

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drronneypinto
Feb 05
Replying to

Olá. Fico feliz pela sua pergunta.

Os principais cuidados que eu sempre estruturo aos meus pacientes dividem-se em basicamente três:

(1) prevenir os fatores de risco que podem ter levado ao AVC, como pressão alta, diabetes, colesterol alto, uso do cigarro, etc;

(2) descobrir a causa do AVC e, assim, direcionar o tratamento adequado para cada caso, com o objetivo de prevenir outro quadro. Para isso, o acompanhamento regular com o especialista é fundamental;

(3) manter uma série de atividades com foco em reabilitação, junto com fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional (e outros profissionais, a depender do caso). O objetivo aqui é melhorar a qualidade de vida.


Se você precisa de alguém que lidere todo esse caminho, entre em contato conosco.

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